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Cerimônias xamânicas com as medicinas sagradas indígenas oferecem cura para os seus praticantes

  • Rodrigo Araújo
  • 18 de nov. de 2020
  • 11 min de leitura

Atualizado: 24 de nov. de 2020

Rituais com plantas psicoativas, trazem conforto e ampliação do estado de consciência


Sabinos em um ritual xamânico na casa de Ayahuasca "Jibóia Sagrada" localizada em São Paulo - SP (Foto: Rafael Sabinos)


Normalmente vindo dos povos indígenas, o xamanismo traz consigo culturas ancestrais antigas. Por isso, em todos os lugares que adotaram essa prática espiritual, são unidos por cerimônias que podem envolver o uso de ervas medicinais, a expansão de consciência, músicas e objetos tidos a eles como sagrados e sempre voltados à natureza. Essas manifestações de ritos são importantes para os frequentadores, por ser um modo de se mostrar fiel a essa crença e adquirir autoconhecimento, fornecendo um aumento gradativo de percepção acerca de si e do universo em que estamos inseridos.


Os rituais proporcionam aos praticantes uma cura espiritual e de padrões de comportamentos negativos que adquirimos no decorrer da vida, possuindo um começo e fim. Muitos deles se iniciam através de sonhos ou visões que são dirigidos por espíritos mentores e guias espirituais. Nos cultos é comum o uso do transe ou da consciência alterada. Para chegar nesse estágio, é entoado cânticos e danças, permitindo a manifestação do divino através das mudanças psíquicas causadas por plantas ou substâncias psicoativas. “Antigamente, não tinha a noção que tenho hoje e fazia bastante coisas que atualmente não repetiria”, conta o ator, Rafael Sabinos, 29 anos, sobre o seu estado de espírito antes de frequentar rituais xamânicos.


Para Sabinos, sua primeira vivência em um ritual foi algo inimaginável. “Não tem como relatar, textualistas, pois eu não acredito que seja algo explicável e sim, vivenciado, muito interno, íntimo. Mas minha primeira experiência foi com o renascimento, que foi muito bem recebido. Hoje, eu me encontro lapidado, sempre procuro evoluir como indivíduo e procuro sempre me alinhar como um todo.”


O ator ainda relata a mudança de comportamento que obteve ao adotar essa prática. “Não sofri nenhuma mudança brusca. Aos poucos certas coisas que eu fazia já não me cabia mais. Então, naturalmente, deixei de comer carne, ingerir bebidas alcóolicas e passei a vigiar os lugares em que eu frequentava. Mas é muito relativo, você se afina consigo mesmo, com sua verdadeira essência, então pode variar de pessoa para pessoa.”


Através dos rituais, lidamos com o subconsciente ou inconsciente, e entramos em contato com realidades invisíveis, que não são acessadas pela mente ordinária. Quando os seres humanos realizam cerimônias e cultos, seja individualmente ou em equipe, existe uma conexão feita com um campo antigo da consciência. Desta maneira, cria um espaço sagrado para a passagem da energia, fluindo as emoções mais livremente. Estas movimentações espirituais acontecem de forma íntima para cada indivíduo, podendo ser representadas por jeitos diferentes.

Com a sua ampliação para o meio urbano e ganhando notoriedade, as cerimônias xamânicas, não necessariamente precisam ser realizadas em locais sagrados, como matas virgens e altares próximos da natureza. Hoje, os praticantes conseguem trazer a mesma conexão espiritual nativa, através de objetos sagrados, ervas e músicas, que possuem um papel fundamental. Como é o caso de Rafael, mesmo na pandemia, consegue consagrar a medicina em sua casa e se conectar com as energias que nos acercam. “Eu tenho o meu próprio Rapé, quando preciso me equilibrar, ou me conectar com o espiritual, sempre utilizo-o. E, além dele, faço uso de incensos e cânticos de rezo (músicas poéticas).”

Se conectando com as energias em

altar sagrado feito em casa

(Foto: Rafael Sabinos)


Os rituais passam a ser com mais empolgação por parte dos praticantes com a combinação desses elementos, causando uma experiência melhor. Para o praticante, esses ritos xamânicos representam a vida. “Enquanto estamos aprendendo e caminhando em frente, estamos vivendo. Eu vejo o xamanismo com essa reintegração do todo. Como uma escola. A gente sempre pode aprender um pouco mais, receber novos ensinamentos e sempre estar se auto descobrindo como ser e um eterno aprendiz.”


Ayahuasca: a medicinada floresta


A ayahuasca é um chá enteógeno, podendo gerar visões e alterar o estado de consciência de quem a consome. Produzido a partir da junção do Jagube, conhecido como Cipó de Mariri (Banisteriopsis caapi) e das folhas da Chacrona (Psychotria viridis), a bebida é uma receita ancestral que permite a união do vegetal, trazendo a expansão da mente. Essa técnica ancestral nativa é utilizada há mais de 10 mil anos, na qual permite ter um contato espiritual com a natureza, modificando os cincos sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato). A partir da proposição do Handbook of South American Indians (Manual dos índios Sul-americanos), seu uso é identificado em mais de 60 etnias indígenas, especialmente na região dos Andes e da Floresta Amazônica. Aqui no Brasil, ela também é conhecida como Daime.


Encontrada naturalmente na chacrona e em diversas plantas e animais, inclusive, no nosso próprio fluido cerebral. A bebida tem como princípio ativo o alcalóide dimetiltriptamina (DMT), uma substância que contém 0,01% a 0,02%, considerado de baixo teor alucinógeno. Assim, pode ser legalizada para fins religiosos no Brasil.


Apesar de ser um psicoativo potente, os seus efeitos não são facilmente percebidos, porque o DMT é rapidamente metabolizado pela enzima monoamino oxidase (MAO). Mas quando o dimetiltriptamina da chacrona é misturado às beta-carbolinas, encontradas no cipó de mariri, o DMT começa a agir com mais intensidade e por muito mais tempo, causando diversas reações, que variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, inclui a ampliação do estado de consciência, percepções diferentes da realidade, contato com a ancestralidade e outras vidas. Além de miragens comumente, compreendidas como processos de limpeza espiritual, causando vômitos e diarreia.


A conexão das energias através da natureza

(Foto: Cleber Oliveira)

"A ayahuasca age antes mesmo da gente conhecer”, explica o terapeuta holístico, Cleber Oliveira. “Ao tomar a primeira dose, percebi a relação dos meus sentidos ficarem cada vez mais aguçada, causando distorção visual, auditiva e sensorial.”

Foi dessa forma que começou a consagrar ayahuasca (ato de ingerir a bebida em ritual), através de um amigo na cidade de São Paulo, em 2017. No entanto, ele não tinha nenhuma ligação ou parentesco com a cultura indígena.


Desde os seus 13 anos de idade, já pesquisava e estudava sobre magia. Aos 15, começou a se aprofundar e buscar todo esse conhecimento e contextos em ervas. Segundo o terapeuta holístico, na bruxaria tradicional, ou em qualquer tipo de religião e irreligião, as ervas, defumadores e afins são muito utilizadas. Entretanto, foi aos 23 anos que realmente teve seu primeiro contato com a medicina da ayahuasca. “No momento em que comecei a interagir e buscar o que é a ayahuasca e as medicinas alternativas, eu percebi que ela já estava agindo dentro dessa minha curiosidade e predisposição em saber sobre a nossa psique e energia”, disse Cleber.


Para ele, a ayahuasca foi um gatilho para aumentar o seu interesse pelas medicinas e curas da floresta, como são chamadas a ayahuasca e outras substâncias (como o Rapé e a Jurema), produzidas por índios. Mesmo hoje, vivendo uma vida urbana, Cleber dedica grande parte da sua rotina a rituais xamânicos com o uso dessas medicinas.


O terapeuta holístico conta que foi através da experiência de um amigo, que despertou ainda mais o interesse em consagrar a medicina. “Em 2016, esse meu amigo foi a um ritual xamânico em uma casa terapêutica de ayahuasca. Retornando do ritual, na semana seguinte, fui vê-lo. Percebi nele um semblante mais pacífico, centrado e consciente. Ele nos ouvia mais. Estava atencioso, calmo e amoroso. E naquele momento, me contou como foi a sua experiência", confira a seguir através do podcast:



Através disso, no ano seguinte, decidiu vivenciar e mergulhar nas práticas xamânicas. Oliveira lembra que o primeiro contato sempre é muito libertador. “Eu não sabia que ela era uma bebida que alterava a consciência e que fazia visualizar e entrar em contato com outra realidade ou com lado espiritual. Dito um véu, que, normalmente, a gente não vê, mas está aqui.”


Segundo ele, ao experienciar foi um divisor de águas em sua vida. Antigamente, ele tinha muito contato com drogas ilícitas e problemas com a família. “Essa projeção das drogas sempre foi uma questão não resolvida, só que na época em que eu fui tomar o chá, achava que isso já havia sido solucionado”. Ao chegar no ambiente, percebeu um certo bloqueio. “Eu cheguei no local e vi pessoas normais, contentes, diferentes, respeitosas e calmas. O pessoal utilizava calças e camisetas bem coloridas, que são diferentes daquilo que estamos acostumados a ver nas religiões. Mas logo quando eu cheguei, percebi diversas pessoas utilizando o tipi (cano de bambu) que é aplicado no Rapé. Então, assim, eu entrei com um certo pré-conceito, uma grande armadura e máscara. Quando vi o pessoal utilizando a medicina do Rapé, o meu ego julgou.”


O terapeuta ainda relata que não era a necessidade dele consagrar o Rapé, mas sim a ayahuasca. “Eu não conhecia e não estava aberto e nem apto a fazer aquilo, fui apenas para tomar o chá. Esses pré-conceitos e bloqueios, só identifiquei depois". Ao consagrar a ayahuasca é recomendável ingerir com um propósito. Seja no âmbito familiar, financeiro ou vida amorosa.

“É essencial consumir com o coração limpo, para receber a resposta que tanto almeja e que você consiga viver da melhor forma”, conta.

“É importante ressaltar que se você sentir essa necessidade, não prenda, isso é ruim. Então solte o vômito, se for preciso, peça ajuda, sinta-se confortável. Entre no estado de meditação que é o silêncio e a observação. Preste bastante atenção nas músicas, que irá perceber que esse conjunto dará sentido em toda a sua experiência. E que o ritual é essa interação entre esses elementos", aconselha.

Na cerimônia da ayahuasca é aconselhável tomar três doses. Os praticantes acreditam que a última dose é a cereja do bolo. “Para você entrar nesse estado de transe, que a gente chama de força, é ideal que vocês liberem, aceitem e que vocês se abram”. Para Cleber, esse contato foi algo que sempre buscou desde a sua infância. O desejo que tinha, sempre ficou em um plano mental, mas nunca no físico. Ele relembra uma das experiências que teve ao consumir a primeira dose. “Quando tomei, senti que cada cheiro tinham um gosto. Enxergava as pessoas maiores e pareciam que tinham dois metros de altura".

Realizando ritual (Foto: Cleber Oliveira)


Mesmo com essas reações, ainda necessitava de um contato maior, o frenesi, que é o delírio provocado por afecção cerebral, causando um estado de exaltação, deslocamento e projeção astral. “Quando fechava os olhos, enxergava a sombra dos cuidadores (as pessoas que guiavam os trabalhos) passando na minha frente. Ao abrir, percebi que de fato, eles estavam ao meu redor, foi assim que os meus pensamentos começaram a se expandir. Mas mesmo assim, eu não estava conseguindo silenciar o julgamento e a voz da minha cabeça, que não conseguia ficar em silêncio.”


Ao tomar a segunda e a última dose, passou para um nível de êxtase maior, que culminou no seu mal-estar e se viu obrigado a lutar consigo mesmo. “Estava passando muito mal, sentia vergonha de pedir ajuda. Achava que podia resolver sozinho. Logo, comecei a me questionar. Será que é só isso mesmo?”, naquele instante, percebeu que os seus sentidos estavam se misturando, como se fosse uma embriaguez. “Assim como o álcool que inibe a mente, ao mesmo tempo te traz muita sabedoria, dúvidas sobre a vida, questionamentos sobre si e formas de comportamento.”


Esse misto de sentimentos foi uma grande chave e ocasionou a experiência que tanto buscava, o frenesi. Para chegar neste estágio mais elevado, tornou-se necessário ouvir a voz da sua consciência. Segundo ele, dizia: “Então vai continuar na beira do rio e não vai mergulhar de fato? Você veio aqui para experimentar ou para passar mal? Será que essa não é a hora de sair do seu pilar e começar a ser humilde e tentar pedir ajuda?”. Então, percebeu que aquela voz só queria ajudá-lo, para que pudesse chegar no estado espiritual que tanto almejava. “Eu notei que não era mais o meu ego julgando, e sim, a minha essência querendo chegar em algum lugar que eu não conhecia.”


A natureza e a sua importância em rituais xamânicos

(Foto: Cleber Oliveira)


A confiança sempre foi um problema para Cleber, por conta do sistema familiar que enfrentava e da não aceitação de sua homossexualidade. “Tinha muito problema com a minha sexualidade e com a minha família. Meu pai, por exemplo, era muito ausente fisicamente. Nunca deu palpite e não nos educou. Minha mãe sempre fez os dois papéis.”


No entanto, mesmo com esses sentimentos aflorados, foi necessário um amparo para que todo o bloqueio e pré-conceitos fossem quebrados. “Levantei e pedi ajuda aos mentores dos rituais, para que eu pudesse sentir a verdadeira força que a medicina xamânica nos proporciona, o amor primordial”. Um dos cuidadores dos ritos o atendeu, levando até o tipí (instrumento para aplicação do Rapé), para que ele chegasse no transe que o xamanismo oferece. Ele narra que a Ayahuasa já estava agindo na expansão dos seus pensamentos, acessando canais da sua consciência jamais explorados, mas a junção das duas medicinas trouxe o contato que realmente precisava.


Confira o podcast da experiência do xamã urbano, contando como foi sua vivência com a Ayahuasca e a contribuição do Rapé para conseguir chegar ao estado psíquico que tanto buscava:


Rapé e Ayahuasca: a unificação das substâncias para trazer a consciência coletiva


Assim como a Ayahuasca, o Rapé é muito utilizado em rituais xamânicos como mais uma forma de se conectar com a ancestralidade, causando relaxamento a estado de êxtase e até alucinações. O uso do Rapé está presente em vários momentos da história. No período da colonização do Brasil, os indígenas e xamãs da floresta, já faziam o uso da substância e de seu poder espiritual nos rituais da tribo.


Muitos europeus, que vieram ao país, experimentaram o Rapé. Hoje em dia, os pajés utilizam para entrar na mata e se conectar com os seres das florestas. Já os índios fazem o uso como forma de ligação com o mundo espiritual. Assim como o daime, o rapé está concentrada na região amazônica.


O rapé é um pó feito através do tabaco, sendo composto de ervas, cascas de árvores e outras plantas tradicionalmente usadas por tribos indígenas. “Conhecido como pai tabaco, o rapé antigamente, não era tragado pelos índios. Eles aplicavam as ervas e o fumo no cachimbo e, por fim, queimavam. Ao invés de tragar, eles pitavam”, pontua o terapeuta.

Pó de Rapé e canos de tipi, o instrumento utilizado

para aplicação do Rapé (Foto: Rodrigo Araújo)


Vídeo no Templo Urbano "Elefante Branco do Norte", com os praticantes xamânicos Paula Ferreira e, seu esposo, Francisco Eriberton (Vídeo: Rodrigo Araújo)


Os índios acreditavam que a fumaça significava suas orações sendo levadas aos céus. “Era como se fosse um contato divino”, explica. Quando o branco colonizou, o tabaco foi profanado, começando a fazer mal para o corpo humano por ser utilizado de forma indevida. “O que faz mal não são as drogas ilícitas ou lícitas, e sim, as circunstâncias”. Hoje, principalmente no meio urbano, o rapé ele pode ser aspirado ou soprado através das narinas.


Algumas versões de rapés possuem plantas que contém DMT, substância ativa no chá de ayahuasca, sendo utilizadas apenas para fins religiosos em rituais indígenas e urbanos. Para o consumo do pai tabaco, é necessário seguir algumas recomendações. “É aconselhável o uso apenas três vezes ao dia, devido a quantidade de nicotina ser muito forte, caso não seja utilizada de forma organizada, assim como o cigarro, pode acabar viciando”, orienta o praticante xamanista.


Foi necessário quebrar pré-conceitos e sair dos padrões para chegar na energia que tanto necessitava. “As medicinas sagradas vão sempre voltar para dentro de você e vai mostrar o lobo que a gente alimenta, seja os pensamentos negativos ou positivos, expandindo os nossos horizontes”. Essas ervas medicinais vão muito além do contato com a psique humana. Agem, principalmente, com a mudança de comportamento do indivíduo perante à sociedade através de reflexões e visões. “Muitas pessoas acreditam que a ayahuasca e o rapé, são somente a expansão de consciência, mas elas estão atreladas com o nosso eu, com quem somos.”

Fogueira acesa em ritual na mata

(Foto: Cleber Oliveira)


Para ele, as pessoas mistificam muito o rapé e a ayahuasca como apenas as medicinas sagradas e esquecem que existem outros tipos de plantas de poder, como: Salvia Divinorum, Maconha. cactus San Pedro, etc. “É muito complexo falar da medicina sagrada, porque a gente acaba falando de plantas e substância de uma totalidade.”


Logo após, suas primeiras vivências com as práticas espirituais e com as substâncias psicoativas, Oliveira, começou a trabalhar como cuidador em uma casa de ayahuasca, criada por seu amigo que o apresentou às práticas xamânicas. “Participei de um intensivo de ayahuasca em uma tribo e comecei a consagrar de 15 em 15 dias. Depois passei a ser mentor, interagindo e não somente participando.”


Hoje, considerado terapeuta holístico, possui uma página na internet denominado como “Movimentos Tribais”, com o intuito de transmitir o xamanismo para quem está do outro lado da tela. Além disso, ministra a sua própria medicina através de rituais xamânicos, atendendo desde crianças de 7 anos (na companhia de seus responsáveis) a idosos de até 75 anos de idade.

“Normalmente, as pessoas que me procuram, são de classes sociais diferentes, que buscam contato espiritual, cura, traumas e curiosidades. A maioria é para ter o contato com o novo”, finaliza.


Cleber Oliveira, Reikiano Usui nível III,

Cristaloterapeuta e Reiki Xamânico.

(Foto: Cleber Oliveira)

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